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O Brazil não conhece o Brasil

Leitura do livro Nada Será Como Antes, despertou -me para as belezas de meu país


Elis tinha razão ao cantar com tanta convicção “O Brazil não conhece o Brasil” na música Querelas do Brasil, de Aldir Blanc e Maurício Tapajós (1978), crítica realizada nos últimos anos de ditadura que me parece colar perfeitamente com o momento atual.


"O Brazil não conhece o Brasil/ O Brasil nunca foi ao Brazil/ Tapir, jabuti, liana, alamandra, alialaúde/Piau, ururau, aqui, ataúde/ Piá, carioca, porecramecrã/ Jobim akarore Jobim-açu/ Oh, oh, oh"


Neste período polarizado em convicções políticas, ou melhor, ideológicas, se é que podemos encontrar algum tipo de ideologia nestes dias, continuo ouvindo diversas manifestações de amigos e conhecidos com uma postura de colonizado, valorizando apenas o que se vem de fora, e o que se tem de fora. “Queremos sair do Brasil. Ai, isso é Brasil”.

A fuga do país, na visão de muitas pessoas, serão suas salvações, afinal, é melhor esconder a sujeira em baixo do tapete, pois tudo funciona tão bem no primeiro mundo...

Não será preciso engolir gente corrupta aparecendo na TV, não será preciso ver morador de rua pedindo dinheiro em restaurantes quando o que eu quero é relaxar, ter um lindo dia cor-de-rosa sem nada nem ninguém atrapalhar.

Não vou ter que ver casas mal acabadas penduradas umas acima das outras que tanto atrapalham a minha linda landscape, o meu horizonte, a paisagem com vista para o mar.


O Brazil não conhece o Brasil. Gostamos da organização dos outros, da honestidade e seriedade de outros países, mas também nada fazemos para mudar aqui. É melhor fugir.A crise. Ai, a crise. “Este país que oferece bolsa para aqueles que têm ‘preguiça’de trabalhar”. 


Nem ao menos nossa cultura, nossas literaturas, nossas riquezas, nossa música, uma das mais complexas e belas do mundo, nossa poesia, nosso afago, nosso calor, nada nos parece interessar. Nossas belezas naturais, nossa história. Por que fazemos tanta questão de colecionar fotos da Torre Eiffel se não percorremos ainda a rica extensão histórica e cultural que este país pode nos ensinar? Quantas lições de empreendedorismo, de resistência, de criatividade, de “poesia” quando o que se sente é dor, esta sim a grande capacidade do brasileiro. 


Convido vocês a participar novamente deste país. Ativamente, com vontade, com conhecimento de causa, com reinvenção.


Aí vai a bela interpretação de Elis em “Querelas do Brasil”. Obrigada por rememorá-la, Julio Maria!


http://letras.mus.br/elis-regi... vale a pena dar uma olhadinha nas caras e bocas que ela faz em “Alô, Alô, Marciano”, de Rita Lee e Roberto de Carvalho.






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