Poeta Lubi Prates fala sobre literatura na internet, divulgação e formação de redes
No segundo dia da Flica, a Festa Literária de Cachoeira, foi realizada a mesa Tradução, processos criativos, melanina e mel na literatura, na Tenda Paraguaçu, de curadoria de Calila das Mercês.
A mesa foi mediada pela anfitriã Yasmim Morais, escritora e palestrante idealizadora do projeto Vulva Negra, e contou com as autoras Lubi Prates, poeta e contadora de histórias e curadora de literatura e Upile Chisala, escritora e contadora de histórias nascida no Malawi que se formou pela Universidade de Oxford.
Lubi contou sobre seu projeto e sua criação literária que ocorreu a partir do momento que se percebeu como mulher negra, quando viveu na cidade de Curitiba. “A partir dali eu escrevi o livro Um Corpo Negro descrevendo minha vivência de ser uma mulher negra num país que odeia mulheres negras”. Ela acredita que seu livro também a ajudou a formar redes positivas e construir relações a fim de experimentar segurança nesse país.
Indagada sobre as conquistas do movimento negro, ela acredita “que as nossas conquistas são como as ondas do mar, ora avançam, ora recuam. Às vezes achamos que estamos inaugurando assuntos pela primeira vez, mas há tempos há mulheres negras escrevendo sobre nossas histórias. A questão é o apagamento”, contou.
Duante a mesa, Lubi também comentou sobre a internet e sua repercussão, já que a difusão de sua poesia ocorreu principalmente pela internet. “Eu sou cria da geração da internet. Mas quando eu comecei a utilizar, ainda com a internet discada, não tinha tanto ódio como tem hoje!”. Ela afirmou que na sua visão, a internet e o livro são complementares, pois a internet ajuda a ampliar territorialmente e o livro traz materialidade. “É certo que hoje temos mais espaço para publicação, mas precisamos mais do que uma publicação. Nossas vozes precisam ecoar, nós precisamos de mais divulgação”, destacou.
Já a autora africana Upile Chisala comentou sobre a experiência da imigração, de como essas influências desaguaram na literatura. Eu só me percebi negra quando fui pela primeira vez aos Estados Unidos vindo de Malawe. "Aí então eu me senti provocada a despertar nosso histórico quando comecei a me relacionar com outras pessoas, pois eu tive uma experiência linda em Malawe".
Com sua literatura, Upile gostaria, com sua literatura falar, sobre as experiências bonitas da negritude, românticas, mágicas e toda a sua graça. "Eu queria me ver no livro, queria que as pessoas percebessem que nossa história é válida e deve ser respeitada".
Upile é autora dos livros A alegria espera por você (Ubu), Eu destilo Melanina e Mel (Ubu), Nectar, entre outros.
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