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Livro Rosas Atômicas, um caminho sensível para a liberdade

Atualizado: há 5 dias

Obra da escritora Taty Tieri aborda a luta pela liberdade de uma menina no contexto pós-ditadura


por Mariana Vilela

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"Faça silêncio, menina, e coma tudo. Sem chorar, menina. Que vantagem tem em apanhar, Nina? Você tem que ser obediente". Mastigo tudo aquilo.


Quantas violências, umas mais sutis, outras menos, uma mulher pode vivenciar desde cedo? Esse é o sofrimento vivenciado pela personagem Nina do livro Rosas Atômicas (Viseu), da agente cultural, escritora e bailarina Taty Tieri, “que escreve com mãos pesadas e pés leves”.


Em linguagem de prosa poética, Taty flui na linguagem textual sem narradores, os personagens contam por eles mesmos suas histórias. Nina é filha do general, e é criada no ambiente militar no período pós-ditadura. Perdeu sua mãe cedo e tem Yayá, a vó, como a maior responsável dos cuidados. Mas com a morte de Yayá, Nina se perde e tem sua voz e corpos aprisionados com a educação rígida do pai. O consultório da psicóloga era seu lugar de expressão, mas o general também retira o espaço da menina sem tempo para se despedir. “Será que Deus é homem? Não ser humano, homem. Homem. Com essa mania de saber sobre tudo... Quem precisa ser Onitudo?” Nina se pergunta.


Outra personagem marcante na prosa é o irmão Pablo, que tem muita ligação com Nina. Carinhoso e delicado, ele gosta de vestir roupas de Nina. A pequena “transgressão” de gênero de Pablo é mais um motivo da ira do pai, que por fim retira Pablo da convivência de Nina, e assim a garota vai colecionando suas perdas que a mantém sozinha para seguir na “servidão e obediência”. Mas Nina conservou o espírito resistente da mãe e à sua maneira, rebela-se.


Rosas atômicas é um convite ao universo sensível de uma criança-menina-moça que busca ser livre em um contexto de prisão.

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